Le Corbusier
Charles-Edouard Jeanneret-Gris, popularmente conhecido pelo pseudônimo de Le Corbusier, foi um arquiteto, urbanista, escultor e pintor de origem suíça, naturalizado francês em 1930. É considerado, juntamente com Frank Lloyd Wright, Alvar Aalto e Mies van der Rohe, um dos mais importantes arquitetos do século XX. Conhecido por ter sido o criador da Unité d'Habitation, conceito sobre o qual começou a trabalhar na década de 1920.
Passou a residir em Paris aos 29 anos, onde adotou o seu pseudônimo, que foi buscar ao nome do seu avô materno, originário da região de Albi. A sua figura era marcada pelos seus óculos redondos de aros escuros. Morreu por afogamento, em 27 de agosto de 1965.
Le Corbusier - Arquiteto Francês
A importância de Le Corbusier advém, em grande parte, do seu enorme poder de síntese.
Em suas viagens a várias partes do mundo, Le Corbusier vivenciou estilos diversos, de épocas diversas. De todas estas influências, captou aquilo que considerava essencial e atemporal, reconhecendo em especial os valores da arquitetura clássica grega, como da Acrópole de Atenas.
Le Corbusier fez seu primeiro projeto com dezoito anos, uma casa, em 1905, na sua cidade natal, La Chaux-de-Fonds - conhecida pela produção de relógios. Nasceu numa família calvinista, onde recebeu uma formação moral que acentuava os contrastes entre o Bem e o Mal. O arquiteto historiador Kenneth Frampton defende que esta atitude mental teria influenciado no sentido da "dialética" presente na sua obra (o diálogo entre cheios e o vazios, luz e a sombra).
Ville Radieuse
Ville Radieuse (Cidade Radiante) foi um projeto urbano não construído, apresentado pela primeira vez em 1924 e publicado no livro homônimo em 1933. A cidade foi projetada para conter meios eficientes de transporte, bem como uma abundância de espaços verdes e luz solar, a cidade do futuro de Le Corbusier não só almejava oferecer uma vida melhor aos residentes, mas contribuir para criar uma sociedade mais harmoniosa. Embora radical, rigorosa e quase totalitária na sua ordem, simetria e padronização, os princípios propostos tiveram extensa influência sobre o planejamento urbano moderno, levando ao desenvolvimento de novas tipologias de habitação de alta densidade.
De acordo com os ideais modernistas de progresso (que encorajaram a aniquilação da tradição), a Cidade Radiante emergiria de uma tabula rasa: seria construída sobre as ruínas das cidades europeias vernaculares destruídas na guerra. A nova cidade conteria arranha-céus pré-fabricados de alta densidade e idênticos, distribuídos por vastas áreas verdes e organizados em uma grade cartesiana, permitindo que a cidade funcionasse como uma "máquina viva". Le Corbusier dizia: "A cidade de hoje vem morrendo porque seu planejamento não está na proporção geométrica de um quarto. O resultado de um verdadeiro layout geométrico é a repetição, o resultado da repetição é um padrão. A forma perfeita".
No foco do plano de Le Corbusier estava a no-ção de zoneamento. A área de negócios localizava-se no centro, e apresentava mega-arranha-céus monolíticos, cada um atingindo uma altura de 200 metros e com capacidade para entre cinco e oito mil pessoas. Localizado no centro do distrito cívico estava a principal plataforma de transporte, um vasto sistema subterrâneo de trens transportaria cidadãos para os distritos de habitação do entorno.
Os edifícios dos bairros habitacionais, conhe-cidos como "Unités", seriam construídos com apartamentos pré-fabricados, atingindo uma altura de cinquenta metros. Uma única Unité poderia acomodar 2.700 habitantes e funcionar como uma vila vertical. Instalações de restaurantes e lavanderias ficariam no piso térreo, um jardim de infância e uma piscina na cobertura. Entre os blocos existiriam parques, proporcionando aos residentes um máximo de luz natural, um mínimo de ruído, uma melhora no conforto térmico dos apartamentos e um ambiente de lazer logo à porta.
Desenhos da projeção do centro da Ville Radieuse
Por que a vila não foi construída?
Le Corbusier é considerado excessivamente racionalista. Seu colega e contemporâneo, Hugo Häring, comentou que o projeto do arquiteto suíço-francês era "uma proposta de um futuro abominável, organizado como um "mundo militar prussiano", ordenado, alinhado, disciplinado, mas frio".
Segundo estudiosos, os cálculos relativos à luz natural que iluminaria esta Cidade Radiante não coincidiam com as condições de luz oferecidas pelo centro de Paris. Isso implicaria na entrada da luz do dia nos arranha-céus, ocasionando uma deficiência de luz natural no interior das edificações
Um dos principais pontos que impediram a realização do projeto foi que sua construção implicaria na demolição de praticamente toda a parte central de Paris apagando a história arquitetônica da cidade luz.
Provas da atemporalidade da obra
Apesar da rejeição do modelo urbanístico proposto, a monumentalidade de Le Corbusier inspirou fortemente a arquitetura moderna. Surgiram, posteriormente, projetos como o de Brasília com uma geometria perfeita delimitando a zona monumental de administração e os bairros de habitação idênticos. O Plano Piloto da nova capital brasileira teria suas bases fundamentadas nos ideais da Ville Radieuse. Brasília é uma concretização dos cinco pontos fundamentais da Urbanística Corbusiana enunciados na Ville Radieuse: o partido, o sistema de circulação, o zoning, a morfologia das unidades de vizinhança e a tipologia residencial do edifício sobre pilotis.
Tanto Ville Radieuse como Brasília possuem uma hierarquia de vias de acesso e separação de veículos e pedestres conforme os princípios do urbanismo moderno. A primeira possui um sistema de circulação ortogonal estruturado através da malha complexa, com interseções e cruzamentos que eliminam a ideia da rua-corredor separando a circulação de pedestres e veículos. Em Brasília, houve o propósito de aplicar os princípios da técnica rodoviária, inclusive, a eliminação dos cruzamentos, com a inserção das famosas "tesourinhas", é técnica urbanística.
Desenho do mapa de Brasília-DF