Alison e Peter Smithson
O casal Alison (22 de junho de 1928 - 16 de agosto de 1993) e Peter Smithson (18 de setembro de 1923 - 3 de março de 2003) foram os percursores da Arquitetura Brutalista britânica durante a segunda metade do século XX. Começando com um vocabulário de modernismo despojado, a dupla foi pioneira no questionamento das abordagens modernistas de design e planejamento urbano. Foram os responsáveis pela evolução do estilo modernista para o que se tornou o Brutalismo, tornando-se defensores da abordagem "ruas no céu" para a habitação.
Após a conclusão do curso de arquitetura de Alison, os dois se casaram em 1949 e inicialmente ingressaram no departamento de arquitetura do London County Council, então encarregados de uma ampla gama de poderes que incluía planejamento urbano e habitação social. A interrupção Segunda Guerra Mundial levou a grandes mudanças na sociedade que deram aos Smithsons uma chance.
Os Smithsons ajudaram a formar os princípios do Brutalismo: modularidade de baixo custo, foco material, e pureza. Para eles, o mais importante era que os edifícios refletissem seus habitantes e localização, que fomentassem sua comunidade: o Modernismo com um rosto humano. O impacto da dupla no cenário arquitetônico da Grã-Bretanha foi enorme.
Criaram projetos ricamente detalhados, mas radicais para seus clientes de alto nível, incluindo a sede do Economist, a Embaixada Britânica em Brasília, um novo prédio no St Hilda's College da Universidade de Oxford e uma casa de plástico produzida em massa para a Exposição da Casa Ideal de 1956. A dupla então muda seu foco para o projeto que eles esperavam que fosse uma referência do morar moderno: a Robin Hood Gardens de 1972. Na esperança de que suas "ruas no céu" pudessem combinar a comunidade das favelas vitorianas com a eficiência e densidade dos blocos habitacionais de Le Corbusier.

Robin Hood Gardens de 1972 - Ficha técnica
Os dois edifícios que eram o marco principal do Robin Hood Garden foram construídos com painéis e elementos de concreto pré-fabricado, inclusive os elementos que conformam os muros perimetrais do terreno, reforçando a modulação visual e espacial proposta pelo projeto. A modulação era rompida somente nos pontos onde foram necessárias angulações em planta para se adaptar à configuração do sítio.
As "ruas no céu" elevadas, a cada três pavimentos, cruzam e conformam as angulações dos prédios, gerando altos espaços permeáveis que coincidiam com as circulações verticais. Tais ruas eram largas o suficiente para se converterem em mais um espaço de convívio e lazer para os moradores. Além disso, através delas passavam as instalações do edifício que ficavam aparentes pelo teto, descendo por shafts abertos à circulação.

O bloco ocidental apresentava sete pavimentos e era quebrado em dois momentos angulares, ou seja, dois pontos de circulação. Já o bloco oriental apresentava dez pavimentos, porém mais curto, com apenas uma angulação.
O conjunto totalizava 213 apartamentos, entre unidades de pavimento simples e unidades duplex. Cada edifício foi situado nas laterais do terreno, em sentido norte-sul, gerando um grande jardim comum ao centro. Sua particularidade era os morros gramados criados a partir da terra proveniente das escavações e de restos de construção.
As fachadas externas –com vista para a rua– e internas –com vista para o jardim– eram bastante semelhantes em ambos blocos. A cor e o peso do concreto aparente, e a modulação marcada pelas esquadrias de vidro eram as causas de sua unidade. No entanto, as fachadas com vistas ao jardim apresentavam uma sutil diferenciação: a pintura azul nas paredes laterais e elementos metálicos estabelecem a relação com suas "streets in the sky".



Problemáticas do projeto
A partir do momento em que passou a ser habitada, não deixou de ter problemas relacionados à funcionalidade da moradia, além da marginalização e do crime que se esconde em suas dobras. Com esse pano de fundo, no início de 2008, as autoridades britânicas colocaram em debate a possível demolição dos edifícios, apareceram então numerosos grupos pedindo que a demolição não fosse realizada. Um comitê de moradores do bairro pediu ao Conselho do Governo que realizasse uma campanha para restaurar a construção, mas foi ignorado.
O Conselho afirmou que o local faz parte de uma grande área de recuperação urbana chamada Blackwall Reach, que faz fronteira com a East India Dock Road ao norte, o Túnel Blackwall, as Docas da Índia Oriental a leste, Aspen Way ao sul e a Cotton Street a oeste. O plano prevê 1.600 casas nessa área, além de melhorias nas escolas, um novo parque e outras instalações comunitárias.
Em 07 de setembro de 2017, iniciou-se oficialmente a demolição do projeto habitacional, colocando um ponto final em qualquer possibilidade de preservação de um ícone da arquitetura brutalista do Reino Unido.

Fontes